segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Algo de podre não só na Dinamarca...

Shakespeare entendia como ninguém a natureza humana. Em sua obra Hamlet, o personagem, que após perceber que havia "algo de podre no reino da Dinamarca", passa a dissimular-se de louco e fingir-se incapaz de compreender as tramas e ardis que se passavam ao seu redor, no intuito de não ser assassinado pela cobiça alheia.

O autor percebeu que a ganância, o orgulho e a ambição, são sentimentos inerentes do ser humano e que sempre nos acompanharam em nossa trajetória histórica. Suas estréias ocorreram no livro de Gênesis 4:1-7 que cita a epopeia de Caim e Abel, filhos de Adão e Eva, que apesar de suas diferenças nas características físicas, perfis e atividades, tiveram a mesma educação e acesso às mesmas informações sobre o Todo Poderoso. Abel foi aprovado por Deus pela da sua oferta e Caim não. Ato continua Caim matou seu irmão por inveja e ambição. A partir daí, a essência da somatória desta tríade não parou mais de nos acompanhar e são infinitas as histórias que vem nos proporcionando ao longo destes milénios.

Rei Davi, 1.000 a.C., avistou do seu palácio a formosa Betsabá, esposa de Urias. A luxuria o possuiu e fez-se o início de uma tórrida história de cobiça e traição. Como se encontravam em guerra com os amonitas, o monarca pediu a Joab, chefe de seu exército, que escala-se Urias no lugar onde a batalha fosse mais violenta. Assim ele morreu e Betsabá ficou livre, tornando-se oficialmente a mulher de Davi. Desta união lasciva nasceu Salomão, mais tarde Rei e sinônimo de sabedoria.

Em 406 a.C., o grande general grego Alcibíades, após sucessivas batalhas vitoriosas foi traído por seu camarada Fernabazes, que instigado pelas intrigas dos espartanos, mandou assassina-lo em sua casa.

Durante todo o império romano, os jogos de interesse estiveram presentes nos anais de sua história. A imperatriz Messalina, em 25 d.C. tornou-se sinônimo de ganancial adultério e depravação utilizando de intrigas e jogos políticos para saciar sua sede de poder tornando-se a mais poderosa mulher de Roma.

Lucrécia Bórgia, 1480 d.C., filha ilegítima de Rodrigo de Bórgia, que viria se tornar o Papa Alexandre VI acabou por representar na história o símbolo da política maquiavélica e a corrupção consideradas como características do período renascentista.

Em 1894, após ser derrotado pelo padre Odorico Dolabela nas eleições de modo considerado fraudulento e sem o apoio do governador Bias Fortes para reverter o pleito, o coronel fazendeiro Serafim Tibúrcio através de vários subterfúgios, pegou em armas e com um contingente de 800 homens proclamou a República de Manhuaçu em 15 de maio de 1896, município localizado na zona da mata mineira.
Emitiu títulos de crédito em nome da Fábrica de Pilação de café , criou o dinheiro “Boro”, nomeou autoridades e avançou em direção ao Espírito Santo com a política de distribuição de lotes e abertura de estradas. Somente com o auxilio das tropas do exército combateu-se os revoltosos findando o levante trinta dias após seu inicio. Este fato foi registrado na capital do país por apenas um jornalista: Machado de Assis.

As duas grandes guerras do século XX, 1917 e 1939, que além de marcar a derrubada do absolutismo monárquico, mudou de forma radical o mapa geo-político Europeu e do Oriente Médio, foram frutos da cobiça inescrupolosa e desenfreada de tiranos tais Lênin, Stalin ou Hitler, empenhados apenas em se tornarem os donos do mundo.

No Brasil de 2009, acordos no mínimo escusos, vão delineando a politica comercial externa. Eclodiu com o obscuro contrato de aquisição de submarinos e caças franceses, apesar deles custarem mais do dobro do preço dos alemães e americanos, ainda incluem obras de um estaleiro e uma base naval que a França “exige” que seja realizada pela construtora Norberto Odebrecht. O mais interessante é que o Brasil já vinha produzindo submarinos em parceria com a empresa alemã HDW. Sendo o primeiro deles feito na Alemanha e outros quatro, no Brasil. Os Alemães propuseram fabricar mais cinco submarinos no Brasil, além de modernizar os cinco já existentes, sem necessidade de se construir nenhum estaleiro. Tudo melhor do que a proposta francesa, então por que escolhemo-la? Pelos belos olhos de Sarkozi?

Agora, temos em nossa sala um incidente diplomático cavado intencionalmente com as próprias mãos. Pretendendo retornar ao poder de seu país após ser banido democraticamente por descumprir cláusulas pétreas de sua Carta Magna, o Sr.Zelaya depois de uma peregrinação internacional, refugiou-se na embaixada brasileira em Honduras. Os menos avisados dirão que se acolhemos o ladrão do Ronald Bigs e o terrorista do Battisti, por que não um dissidente político? Nossas autoridades seguem dizendo não negociar com "usurpadores de poder" e que o governo brasileiro não acata ultimato de um golpista. Ou será uma artimanha para dar sustentação popular para alterar também nossa constituição e alavancar um terceiro ou quem sabe, vitalício mandato?

Acontece que por traz deste engodo existe uma situação criada pelo “líder bolivariano” Hugo Chávez que é cúmplice da Farc e intenciona ter um amigo no comando de um país que se encontra na rota do tráfico de drogas da Colômbia para o EUA. Para tanto, apelou para a vaidade de nosso mandatário e o convenceu a alterar nossa política de não intervenção, respeitada até no regime militar. Por esta atitude irresponsável, Honduras virou cenário de sítio, miséria, saques, manifestações violentas culminando em mortes de inocentes; ações nas quais o Brasil possui nefasta colaboração.

No momento, há coisas muito mais podres aqui, que na Dinamarca. E ninguém do governo precisa dissimular ou fingir incapacidade, basta agir normalmente!

Que JC ilumine!

4 comentários:

  1. Excelente Jardim! Não tem como concordar mais com você.

    Abraços

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  2. Hubert,

    Lendo o seu artigo, não podemos deixar de elogiar o grande Maquiavel. Abaixo segue os dez mandamentos que na minha opinião, alguns deles (ou quem sabe todos os mandamentos) refletem muito o que está no seu artigo.

    Os Dez Mandamentos de Maquiavel

    1. Zelai apenas por vossos interesses;
    2. Não honreis a mais ninguém além de vós;
    3. Fazei o mal, mas fingi fazer o bem;
    4. Cobiçai e procurai fazer tudo o que puderes;
    5. Sede miseráveis;
    6. Sede brutais;
    7. Lograi o próximo toda vez que puderdes;
    8. Matai os vossos inimigos e, se for necessário, os vossos amigos;
    9. Usai a força em vez da bondade ao tratardes com o próximo;
    10. Pensai exclusivamente na guerra.

    Abraços,

    Herbert Blanco

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