segunda-feira, 14 de junho de 2010

Mirabela da Serra

A noite caía fria na pequena, ainda que próspera cidade de Mirabela da Serra. Porem nem o vento gélido que cortava as orelhas dos passantes evitavam que uma pequena multidão aglomera-se á porta da câmara municipal. Era segunda-feira, dia da reunião semanal daquela instituição e apesar de nas maiorias das vezes as sessões serem enfadonhas por discutirem assuntos que não interessavam a ninguém, aquela por especial eram bem diferente.

O objetivo desta vez era exigir explicações das sucessivas atitudes descabidas por parte do representante mor do executivo, o prefeito Idalício Porqueiro.
Aquilo já era por se esperar, afinal durante sua campanha como se não bastasse ter prometido que iria tirar todas as subidas do logradouro e deixar somente as decidas, anunciou também a construção de uma gigantesca usina de fabricação de melaço movida a energia atômica que acabaria com o desemprego e a miséria daquele sertão, juntamente com uma lagoa com água do mar para que Mirabela tivesse sua própria praia. E como alertou o poeta francês Boileau “Um tolo encontra sempre outro ainda maior, que o admira”, não deu outra, o mequetrefe foi eleito.
A primeira obra após sua posse foi uma rampa ligando a praça com a prefeitura e uma vez por mês vestia seu melhor terno e subia solenemente a falda ao lado do diligente comandante do destacamento de policia, guarda Abelardo, atitude esta similar à realizada naqueles tempos por um Presidente da Republica lá em Brasília para adentrar no Palácio do Planalto.

E dali para diante foram uma sucessão de obras indevidas que não beneficiaram em nada a população e sim ao Idalício e seus apadrinhados. Era compra de gados que ele afirmava ser para transformar em bife para a merenda escolar, porem por falta de um curral municipal, ele generosamente “guardava” em sua fazenda. Outra hora fechou o hospital da cidade e comprou ambulâncias importadas para levar os pacientes para tratar na capital. De certa feita resolveu os problemas das constantes enchentes do córrego da Anta que cortava a cidade colocando em sua extensão placas para que a população evita-se aqueles locais em caso de chuva forte e para completar, nomeou todos seus parentes como assessores em seu gabinete.

Pode-se enganar muito tempo pouca gente, da mesma forma pode enganar muita gente durante pouco tempo, porem nunca se consegue enganar a todos, o tempo todo e assim deu no que deu... Audiência publica para exoneração do prefeito.

_Eu não sei de nada e sou inocente destas falsas acusações. Tudo que fiz foi pelo povo. Afirmava de dedo em riste o Edalício Porqueiro em rebate ao vereador Lucas Luciano.

_ Como pode ser inocente se todo o gado que o senhor vendeu foi comprado com dinheiro da prefeitura... Ta aqui a nota e o recibo feito com a sua letra. Apresentou o vereador.

Diante das evidencias o larápio político se viu obrigado assumir e rubro de raiva disparou:

_ Sou culpado sim... Mais o padre Clovis tem mais culpa que eu... Arrematou para a platéia escandalizada com tamanha indignidade, pois o cônego nunca teve nenhum envolvimento com o alcaide.

E completou:

_ Afinal de contas a culpa é minha e eu ponho em quem eu quiser!!!!

Que JC ilumine!