segunda-feira, 31 de maio de 2010

Alfredo e o comunista...

O Alfredo sempre foi uma pessoa muito polida. Dono de uma capacidade especial de interagir com todos a sua volta. Encontrava-se desta vez na plataforma central da estação da capital aguardando o trem de retorno para sua pequena Mirabela da Serra. Escutava atentamente o discurso que lhe dirigia um homem atarracado, muito branco e com um sotaque carregado. Era recém chegado da Rússia e se intitulava comunista. Ufanava-se de boca cheia, que seu sistema político era o melhor do planeta. Discorria com veemência como o regime era justo para o povo:

- A revolução socialista beneficiou a todos, pois trata todos com igualdade. Arrematava o bolchevista.

-Ninguém era proprietário de nada. Esclarecia o cidadão. Tudo era coletivo e devidamente repartido igualmente entre todos.

E os carros? Interrompeu com paciência o Alfredo

– O carro é seu, é meu, e também do vizinho.

E as casas? – Também! A casa pertence a mim, a você e a todos que podem morar nela.

E roupas? – A mesma coisa. Uma para mim, para você e para todos.

Então tudo é divido? – Tudo é divididinho.

Até galinha? – Ahhhh galinha não.

Uai! Por que galinha não? Retrucou espantado o Alfredo.

– Porque galinha eu tenho! Respondeu o polaco, sussurrando e olhando para os lados...

Que JC ilumine!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Onde moram os anjos...

Ele queria conhecer um anjo. Durante muito tempo ficou imaginando como seria um. Seria alto ou baixo? Louro ou moreno? E a cor? Teria anjo oriental. Achou que sim, afinal japonês também tem direito a anjo da guarda. Deus é pai de todos e trata todos iguais. Ta certo que alguns um pouco mais desiguais que outros... Mais fazer o que né? E a danada daquelas asinhas? Será que teriam aquilo mesmo em todos eles? E o tal do sexo dos anjos que o pessoal vive a discutir... Qual seria realmente?

Onde dormiam? Como era a casa deles? Consistia o paraíso tal como o padre Clovis descrevia durante as aulas de catecismo que ele freqüentara há tanto tempo atrás lá em Mirabela da Serra? Bons tempos aqueles... Tentou pegar pela memória quando foi a ultima vez que entrou numa igreja e ai percebeu que já se iam anos.

E assim ele ia levando sua singela vida. Humilde porem generoso, com o coração puro ia daqui e dali ajudando dentro do possível o seu próximo. Chamavam-lhe Alfredo e era conhecido por toda a região pela sua polidez além de sua fé inabalável.

Contavam que de certa feita ao levar o pároco Wagner para realizar o casamento da filha do coronel Victor em sua fazenda no vilarejo vizinho, o carro acabou a gasolina e como não havia posto na região o religioso sugeriu-lhe jocosamente que colocasse água no tanque de combustível e se tivesse bastante fé, ela se transformaria em gasolina possibilitando o retorno tranqüilo.

Alfredo acatou o conselho e encheu o reservatório com água de uma biquinha que ali existia. Fez uma oração e em seguida virou na ignição. O carro pegou na hora. Ele partiu acenando para o padre, que ficou na soleira da porta observando-o ir ao longe, dizendo para si: _Vai ter fé assim lá no inferno!!!

E foi com esta mesma fé que naquele dia Alfredor resolveu orar a Deus pedindo que lhe concedesse a graça de conhecer um anjo. Ele orou, orou, orou... Até que escutou uma voz divina dizendo: - Dirija-se agora mesmo à venda do Olimpio Espanhol, adquira uma caixa de leite e em seguida entregue ao morador da Rua Professor Marques 48, e seu pedido será atendido...

A principio o medo assolou-lhe. Afinal já era noite alta e alem de chover a cântaros, os destinos eram opostos e distantes. Porem a curiosidade falou mais alto e apesar de todas as adversidades partiu para sua intentona angelical.

Ao final da longa e cansativa jornada de quatro horas, chegou à porta do endereço indicado deparando-se com um casebre miserável donde emanava um choro de criança. Todo encharcado e com a encomenda nas mãos pensou que o Criador tinha lhe pregado uma peça. Como um anjo poderia morar numa espelunca daquelas?

Ao bater na porta, esta se abriu e uma mulher franzina chorando copiosamente caiu de joelhos aos seus pés e erguendo os braços em louvor dizia: Obrigado meu Deus por ter atendido minhas preces e enviado um anjo trazendo leite para matar a fome de minha filhinha adoentada...

Naquele instante, Alfredo entendeu para sempre onde se encontrava os anjos. Juntamente com os demônios, habitam dentro de nos, sendo de nosso livre arbítrio decidir qual deles deve ser libertado diariamente independente dos infortúnios que o destino possa nos presentear. Atentos que a semeadura é livre, mais a colheita obrigatória.

E você? Também não anda precisando conhecer um anjo?

Que JC ilumine!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Sobre espinhos e rosas...

Um amigo me ligou aflito, preocupado com minha pessoa, já que vem percebendo que minhas crônicas estão muito amargas e que de cada situação só vejo os entraves e os espinhos. Jurei-lhe que minha sensibilidade não encontrava-se abalada, não perdi a ternura e nem apresentava-me com o coração endurecido. Para prová-lo, hoje não falarei de espinhos e sim das rosas...

Rosa... Rainha das flores, unânime e perpetua.

Rosas perfumadas, lindas e cheirosas... Rosas brancas, amarelas, vermelhas e rosa...
Rosa para cada ocasião. Em corbelha ou em botão desassossega qualquer coração.
No buquê para a chegada saldar... Em coroas a partida prantear...

Passam pelas igrejas, ornamentam os salões. Presente em castelos ou em humildes porões. Com tudo combinam, a todos encantam...

As vermelhas demonstram paixão, as brancas a amizade e amarelas para comemoração... Já as rosas endossam carinho, mesmo tendo todas elas espinhos...

Que elas não falam Cartola já advertiu; porem na expressa mudez das entre linhas, convencem... Consagrada a Afrodite, acedeu ao desejo mundial... De Cleópatra a Botticelli... De Florença a Macau...

O poeta francês Saint-Exupéry disse que “Os homens cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim e não encontram o que procuram. E, no entanto, o que eles buscam poderia ser achado numa só rosa” e completa: “Foi o tempo que perdeste com a tua rosa, que fez a tua rosa tão importante”.

Se a comédia tem por finalidade mostrar o lado hilário das coisas serias, é certo que a rosa criada por Deus vem unicamente provar que nesta vida não existem jornadas sem tormenta, tal como não existem rosas sem espinhos...

E se por acaso, o leitor amigo chegou até esta posição, receba uma rosa imaginaria como prova de minha gratidão.

Que JC ilumine!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Queime as pontes...

Em essência os candidatos são iguais, mudam-se apenas os estilos. São duas faces de uma mesma moeda cunhada no populismo de governos oriundos do inicio da república. Sobrando a nos, a obrigação de escolher qual fará a diferença para o futuro de nossa nação.

O ministro Mantega aconselha pelo continuísmo da política econômica atual ao próximo governante para que o país continue a crescer uma média de 5% aa. Esta ação colaboraria para acelerar o choque ao caos que aguarda nossa economia. Persistir neste modelo populista sem investimentos em infra-estrutura nos conduzirá a um colapso nos próximos cinco anos como alerta recentes estudos da FGV que aponta uma ruptura no escoamento de insumos, matéria prima e produtos finais alem da produção agrícola, por falta de investimentos nos diversos canais de distribuição, tais ferrovias, hidrovias e rodovias. Sem contar que estas obras gerariam centenas de postos de trabalho e aumento de arrecadação.

Como se não bastasse os milhões enviados aos irmãos Castro durante seu mandato, uma semana depois de Lula retornar da desastrosa jornada pelo Oriente Médio, onde brincava de mediador da paz, começou a tramitar no Senado um projeto analisando uma doação do governo brasileiro a Autoridade Nacional Palestina (ANP) de 25 milhões de Reais para a reconstrução da Faixa de Gaza. O problema é que desde 2007 Gaza é controlada pelo Hamas, um grupo terrorista que não reconhece a legitimidade da ANP. É o PT ajudando os terroristas de Gaza e deixando faltar Gaze para os aterrorizados usuários do SUS...

Esta doação a Maomé colaboraria muito no aumento da qualidade de nossa malha viária e ferroviária para escoação de nossa produção ou no investimento da modernização, evitando o certo futuro apagão de nossa rede de distribuição elétrica. Porem até agora nas propostas de governo da candidata petista não houve qualquer menção neste sentido. Pelo contrario vejo apenas palavras desconexas e sem sentidos reforçados por uma postura intransigente adotada durante toda sua estada no governo, tornando-se célebre pelo estilo “tapa na mesa”.

A experiência corporativa me ensinou que modelo de dar tapa na mesa é coisa de profissional que não possuem argumentos. Nem os militares na época da ditadura agiam assim. É certo que o General Nilton Cruz adotava este método, similar a estratégia de Julio César de “queimar as pontes”, mais invariavelmente aparecia o Golbery para apagar os incêndios e contornar a situação.

Queimar as pontes foi uma estratégia militar que obrigava os soldados a lutarem com mais ferocidade, pois não havia como fugir, porem a adoção deste estilo no âmbito da administração funestamente acarreta que os atritos se tornem inevitáveis indo de encontro aos conselhos de Sun Tzu, de buscar ganhar o combate com o menor esforço possível.

O ideal é a busca da conscientização do papel de ponte que cada um representa em seu ambiente através das quais outras pessoas poderão ter uma vida melhor. Construir pontes melhora a comunicação ampliando as possibilidades de realizações pessoais e sucesso profissional. Afinal a intolerância gera resistência natural e ocasiona na improdutividade do todo. Ser ponte é ouvir e unir opiniões distintas através de atitudes transparentes e verdadeiras.

A principal característica de um verdadeiro estadista é a capacidade de unir os opostos na hora da necessidade. É ter o respeito pelas diferenças, buscando integra-las. Ouvir e entender, mesmo que não concorde, o lado do outro. Qual dos atuais candidatos se aproxima mais deste conjunto de virtudes? É neste que pretendo votar...

Que JC ilumine!