quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Lagoa das lagrimas...

“Romeu e Julieta” encontra-se entre as obras que melhor enaltecem o verdadeiro amor. Narra à paixão de dois jovens amantes que na intenção de ficarem juntos, lutam contra a intolerância dos poderosos da cidade italiana de Verona; batalha que não vencem infligindo na morte do casal apaixonado.

 Se todas as cidades são erguidas da essência de seus moradores, em Mirabela da Serra não poderia ser diferente.

Existiam na cidade, dois fazendeiros disputando o poder. O Coronel Murtinho Pedrosa, dono da Fazenda Raio de Sol e o Coronel Corsino Reis, da Fazenda Encantada; e como a vaidade é o Arauto dos pecados capitais, ninguém sabia qual dos dois era mais vaidoso, resultando numa briga de família que já duravam anos.

Acontece que o destino sempre zomba da vida, e se a vida imita a arte, o vice versa é certo.

Foi este destino que fez nascer na casa do Coronel Murtinho a mais bela de todas as donzelas das redondezas. A pele rosada, uma boca molhada e os olhos do melhor mel das floradas do lugar. Linda ela... Julia Murtinho.

E o danadinho deste mesmo destino presenteou o Coronel Corsino com um rapagão de deixar no tamanco até o tal de “Crarque Gleibu”; aquele ator famoso lá de “Holiudi”. O Coronel mandou o moleque para capital e tempos depois voltou um Doutor...  Doutor Castro Reis.

Na quermesse da igreja, o tal destino fanfarrão, fez estes dois se esbarrarem e quando seus olhares se cruzaram, o cupido nem trabalho teve, pois o amor se instalou de pronta com mala e cuia em seus corações.

Foi ai que começou a peleja... Nenhum dos coronéis aceitava aquele romance. Tinham o coração endurecido por um ódio que na verdade nenhum dos dois sabia donde e por que tinha nascido.

O fato é que o Coronel Murtinho decidiu enviar Julia para terminar seus estudos no Convento de Bracaúnas, ao passo que o pai de Castro Reis forçava sua mudança para Goiás, com o argumento dele administrar outra propriedade da família.

Nem mesmo a intervenção da voz celestial do Padre Clovis conseguiu abrandar o espirito enegrecido daqueles patriarcas e à medida que o ódio aviltava-se, proporcionalmente crescia o amor dos dois enamorados.

O certo é que todo aquele alarido contribuiu para que o casal decide-se fugir em noite de lua cheia para se casarem as escondidas na vizinha cidade de Capim Vermelho. Porem na noite escolhida, ao atravessarem a grota do capão, a moça desequilibrou e em vão Castro tentando segura-la, abraçadinhos rolaram morro abaixo desfechando fatalmente tão avassaladora paixão.

Comprovava ali as palavras de Camões: “Para tão longo amor, tão curta vida”...

A cidade que toda trama acompanhava ao longo daquela historia, limitando se a rezar, ao saber da tragédia tristemente começou um a um a chorar pelas almas daqueles pobres incompreendidos. E foi tanto choro, tanto choro, que logo se formou uma enxurrada descendo avenida abaixo acumulando se até encher aquela grota maldita, formado um lindo espelho d’agua que passou a ser conhecido como Lagoa das Lagrimas.

Hoje lá tem uma ponte batizada de Travessa do Amor e agora todo casal enamorado que quiser fugir pode ir buscar ser feliz, pois ninguém mais ali vai cair...


Que JC ilumine!

2 comentários:

  1. Muito Bom, Parabéns meu amigo

    Retrata bem a sua sensibilidade de ver o mundo sob a ótica do essencial

    Fiquei emocionado

    abraço

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